Ainda existem perguntas sem respostas no assassinato de Stefany Vitória, de 13 anos. O que fica evidente é a covardia e a brutalidade de seu algoz, um homem conhecido da família e que confessou o crime. Um enredo que é comum em casos de violência contra crianças. A polícia investiga se houve violência sexual no caso da menina Stefany mas pessoas conhecidas das vítimas são responsáveis por 68% dos casos de violência sexual contra crianças no Brasil. Os dados são do Ministério da Saúde.

Outro fator que parece se repetir neste caso é a leniência da sociedade e das autoridades na proteção às mulheres, neste caso uma menina, de periferia. Vizinhos denunciam que policiais militares teriam informado que é preciso aguardar 24 horas para registrar o desaparecimento. A informação é apurada pela corregedoria da Polícia Militar.

Pelo que foi levantado pela imprensa, ainda existem indícios de que a menina já dava sinais de que se sentia mal na presença do assassino, o que teria motivado inclusive o afastamento da família da igreja onde o criminoso era líder religioso.

O autor, porém, seguiu rodeando a vítima, até que viu a oportunidade para agir. O assassino se sentiu à vontade para puxar a menina para dentro de seu carro e levá-la ao local onde cometeria o crime. Um enredo que demonstra desprezo com a vida da vítima.

Cabe investigar se o mesmo homem já fez outras vítimas. Geralmente, os abusadores se valem do medo que as vítimas – especialmente crianças – têm de denunciar e não serem ouvidas. Principalmente quando se trata de líderes religiosos que conquistam a confiança da comunidade e se valem dessa credibilidade para praticar a perversidade.

A Justiça severa é fundamental para coibir a ação dos agressores, mas um grande passo na defesa das mulheres é mudar a mentalidade machista que ainda está fortemente presente na sociedade.

É preciso entender que existe uma relação indiscutível entre as violências simbólicas e físicas sofridas por elas.