O racismo no futebol sulamericano voltou à pauta com os insultos sofridos pelo jogador da equipe Sub-20 do Palmeiras, Luighi. Mais uma vez, fica evidente a falta de ações concretas das autoridades do esporte.

O caso de Luighi representa um avanço, pois se trata de um jovem que tem consciência da sua representatividade no meio do futebol. Mostra o poder da conscientização dos atletas desde as categorias de base, mas ainda estamos longe de eliminar o racismo do futebol, assim como de toda a sociedade. 

As poucas ações contra a discriminação não são acompanhadas pela maior parte dos agentes do esporte e ficam isoladas. Exemplo disso é a sugestão da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, de abandonar as competições da Conmebol como forma de protesto. Mas a maior parte dos clubes, jogadores e federações, incluindo a própria CBF, permanecem praticamente em silêncio. 

Na terça-feira, no sorteio das maiores competições continentais, o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, falou brevemente sobre o combate ao racismo, sem propor ações práticas. A entidade máxima do futebol no continente sempre foi leniente em relação ao tema. É lamentável que a instituição que deveria zelar pela integridade do esporte, aja no caminho exatamente oposto.

Em 2023, as Copas Libertadores e Sul-Americana tiveram 9 registros de racismo. As punições se resumiram a multas aos clubes no valor de pouco mais de R$ 500 mil.

O código disciplinar da Conmebol estabelece que o clube cujo torcedor for pego cometendo atos discriminatórios será multado em US$ 100 mil (R$ 576,8 mil). Em caso de reincidência, o valor sobe para US$ 400 mil (R$ 2,3 milhões).

As punições, embora necessárias, estão longe de serem o suficiente para acabar com as manifestações racistas.

Por isso, a reação ao racismo no futebol não pode depender só dos membros do próprio esporte. Governos de todos os países do continente, entidades privadas e sociedade civil devem engajar na missão.