O surgimento de uma doença misteriosa e grave em São Francisco, no Norte de Minas Gerais, merece atenção das esferas municipal, estadual e federal de governo, atuando de maneira coordenada.

Com sintomas ainda inespecíficos, evolução acelerada e ao menos duas mortes fulminantes, os casos levaram o Ministério da Saúde a classificar a situação como um Evento de Importância para a Saúde Pública (EISP).

Diante de episódios como esse, é impossível não traçar um paralelo com a pandemia de Covid-19, que escancarou ao mundo os riscos de se negligenciar sinais iniciais de surtos infecciosos. Na ocasião, a lentidão nas respostas iniciais, a subestimação do potencial de disseminação e a desinformação contribuíram para a rápida propagação do vírus. Agora, no caso do Norte de Minas, as autoridades devem aplicar as lições apreendidas no passado recente.

O dado mais preocupante está na rapidez da evolução clínica dos casos. Assim como a Covid-19, que em muitos pacientes apresentava um quadro leve seguido de agravamento súbito, a nova enfermidade em São Francisco tem se mostrado traiçoeira. Além dos dois óbitos registrados até a tarde de ontem, outros 20 pacientes também apresentaram sintomas respiratórios e hemorrágicos, reforçando a gravidade do quadro.

Neste contexto, a atuação conjunta entre o Ministério da Saúde e a Vigilância Epidemiológica de Minas Gerais é crucial. A identificação da origem da doença, a quebra das possíveis formas de transmissão e o rastreamento dos contatos devem ser tratados com a mesma urgência que se viu nos momentos mais críticos da pandemia.

A transparência das autoridades, aliada às medidas com base científica, pode evitar que um surto local escale para outras regiões. As próximas horas serão determinantes para clarear o cenário, e a sociedade precisa ser comunicada de maneira objetiva sobre as implicações da doença.

A saúde pública exige investimento contínuo, preparo técnico e resposta rápida.