Discussões a respeito de apostas online estariam entre os motivos que teriam levado o filho da professora Soraya Tatiana a matá-la, segundo a Polícia Civil. Esse é um fator trágico em meio ao já bárbaro enredo em que um filho teria executado a própria mãe.

O  vício em bets e a degradação financeira do apostador, não raramente, caminham juntos. O indivíduo recorre às apostas em uma atitude desesperada para aliviar as contas ou tem seu patrimônio deteriorado por aquilo que começou com uma simples “brincadeira”.

Assim como qualquer outro vício, a jogatina online causa prejuízos aos próprios apostadores e às suas famílias,  desde a perda do dinheiro em si até  casos extremos, como parece ter sido a discussão que acabou com a morte da professora, em Belo Horizonte.

Um levantamento nacional realizado pelo Instituto DataSenado aponta que 42% dos brasileiros que dizem ter gastado alguma quantia em apostas esportivas ao longo de um mês estavam endividados.

No Brasil, as bets foram regulamentadas no fim do ano passado, após operarem por quatro anos sem qualquer tipo de balizamento legal. Mesmo com o estabelecimento de regras para a operação das bets, ainda é preciso avançar na conscientização sobre os riscos do vício nas apostas virtuais.

É indispensável que o poder público atue de forma mais incisiva para fiscalizar as empresas do setor e proteger a população, sobretudo os mais vulneráveis, como jovens e pessoas em situação de instabilidade financeira. A regulamentação por si só não é suficiente: é preciso garantir que as regras sejam cumpridas com rigor, impedindo práticas abusivas e o apelo excessivo ao público por meio de publicidade agressiva e direcionada.

A falta de controle efetivo sobre os mecanismos de prevenção ao vício, a ausência de limites para apostas e a atuação de empresas estrangeiras sem sede ou responsabilização no Brasil formam um terreno fértil para tragédias. A proteção social deve vir antes do lucro fácil.