O narcotráfico se coloca como uma das principais ameaças à segurança dos brasileiros e um desafio às polícias e aos governos estaduais e federal. A operação Harpia, realizada pela Polícia Civil de Minas Gerais nesta quarta-feira (27/8), mostra como se estrutura a rede de operações do crime organizado para o tráfico interestadual e internacional, inclusive a partir de presídios.

Pelo menos 12 mandados de prisão preventiva e 14 de busca e apreensão foram realizados na Zona da Mata, no Jequitinhonha e na Grande Belo Horizonte. O grupo, que tem ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC), era responsável pela distribuição e venda de tóxicos no estado, além de São Paulo, Espírito Santo e Paraguai. Dois dos alvos da ação policial operavam nos presídios Nelson Hungria e Dutra Ladeira.

Combater essa intricada rede de relações exige determinação, inteligência, amparo institucional e recursos. Balanço da Polícia Civil mostra que foram mais de 29 mil processos investigativos realizados contra o tráfico somente entre janeiro e novembro do ano passado. Quase 20 mil pessoas foram indiciadas, e quase 11 toneladas de entorpecentes foram apreendidas no período. Neste ano, até junho, cerca de 5,8 toneladas de drogas haviam sido destruídas. 

A posição geográfica e a ampla malha de transporte tornam Minas Gerais um interesse estratégico para o crime organizado. O estado é apontado como uma espécie de “hub” (ponto de convergência das linhas de abastecimento) na rota entre Paraguai e São Paulo, que movimenta bilhões de reais em produtos ilícitos.

Com isso, Minas Gerais acabou sendo apontado como abrigo do segundo maior contingente de integrantes do PCC no país, atrás apenas de São Paulo. A situação alimenta a disputa com outras facções e estimula a prática de outros crimes no estado, como homicídios e comércio ilegal de armamentos.

Diante deste cenário, a realização de ações policiais como a operação Harpia é essencial. Mas não deve parar por aí. A polícia precisa do amparo de políticas públicas da União, modernização de equipamentos e, acima de tudo, valorização.