No auge da crise dos mísseis cubanos, em 1962, quando Estados Unidos e União Soviética estiveram à beira de uma guerra nuclear, o chamado “Relógio do Juízo Final” marcava sete minutos para a meia-noite. Na semana passada, o Boletim dos Cientistas Atômicos, entidade responsável por esse cálculo, ajustou os ponteiros para apenas cem segundos para a hora fatal.
Mas o que deixa a humanidade mais próxima do apocalipse hoje do que na Guerra Fria? Para os estudiosos, é a ação intencional de líderes internacionais para desmantelar instituições construídas justamente para evitar a destruição global pela confluência da proliferação de armamentos com a questão climática.
Foi nominalmente citado o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por ter se retirado do acordo de Paris de redução das emissões de poluentes. Durante o Fórum Econômico de Davos, que uniu empresários e governantes em busca de uma nova ordem econômica baseada na sustentabilidade, Trump voltou à carga rotulando de “alarmismo” os movimentos ambientais.
A entidade também critica o governo brasileiro pelo desmonte de políticas de proteção à Amazônia, que registrou o pior ano de queimadas em 2019, segundo estatísticas da Nasa.
O grupo, formado na década de 40 por alguns dos cientistas que trabalharam no desenvolvimento da primeira bomba atômica devido à consciência do potencial destrutivo da criação, alertou ainda para as campanhas de desinformação. Para eles, detratar o saber científico e as instituições mina esforços domésticos e internacionais em defesa da paz e do planeta.
O anúncio é uma advertência clara de que o elogio à ignorância climática é uma verdadeira arma de destruição em massa que coloca a humanidade no limite de seu juízo final.