Apesar de o emprego ter dado sinais, em abril último, de recuperação, não há dúvidas de que as expectativas para o crescimento da economia estão se reduzindo, em razão sobretudo das dificuldades de tramitação da proposta de reforma da Previdência no Congresso.
Salva-se o ministro Paulo Guedes, da Economia, que mantém o otimismo, não obstante a declaração, na semana passada, de que deixaria o cargo se a reforma fosse muito desidratada. É ele quem ainda injeta um bocado de ânimo na possibilidade de o Brasil dar certo.
Ele deu notícias positivas de que a reforma tributária está a caminho, com redução de impostos e simplificação dos tributos federais. Tranquilizando Estados e municípios, que estão com a corda no pescoço, afirmou que vão poder continuar a tributar.
A situação de Estados e municípios é uma prova de que o país está num buraco fiscal. Segundo o ex-ministro e ex-deputado Delfim Netto, “estamos na boca de um buraco negro que está atraindo tudo lá para dentro. A conjuntura está piorando numa velocidade enorme”.
Daí a necessidade de aprovar a reforma da Previdência. Se ela for feita, e do jeito que foi proposta, o clima pessimista começa a melhorar, pode até acontecer de o PIB voltar a subir. O ministro mostra convicção no acerto da guinada liberal da política econômica.
Sempre que pode, cita o Chile como exemplo de país que fez a reforma da Previdência, adotou uma política econômica liberal e viu aumentar a renda per capita. Para ele, o Brasil está “salvo do caminho da Venezuela, mas ainda não está salvo do caminho da Argentina”.
Por enquanto, as expectativas são de que o país caminha para uma depressão econômica. A avaliação do presidente da República regride nas pesquisas. O PIB é seguidamente projetado para baixo. O Brasil se ressente de uma liderança capaz de unir os brasileiros.
Guedes não foi formado para isso, mas, nas atuais circunstâncias, que seja ele.