O novo, ou o que grande parte dos brasileiros apostou que o seja, ganhou as eleições gerais no país. À frente, o candidato Jair Bolsonaro, um capitão da reserva do Exército, que é deputado há 28 anos e encaminhou os filhos na política. Seguem-no vários governadores eleitos, inclusive o de Minas, o empresário Romeu Zema.

O eleitorado comprou essa ideia – a de que era preciso afastar os representantes da velha política. E o fez apostando no desconhecido, farto que estava com os métodos praticados, depois da redemocratização, pelos políticos, que olhavam mais seus interesses que os da população.

Com Bolsonaro, a classe média repete a adesão ao movimento de 1964 e ao candidato Collor de Mello, em 1989. A atração desse segmento social foi cuidadosamente construída a partir das eleições municipais de 2016 – ano também do impeachment de Dilma –, quando o PT começou a ser batido, eleitoralmente, no país.

Espertamente, Bolsonaro tomou o lugar do PSDB, que desde 1994 tinha sido escolhido pelo PT como seu adversário preferencial. Os tucanos não quiseram, no entanto, desempenhar o papel que os petistas lhe destinaram, qual seja, o de se encaminhar cada vez mais para a direita.

O resultado é a vitória de uma estratégia eleitoral, que foi seguida pelos candidatos a governador que atrelaram suas campanhas a Bolsonaro. Este se aproveitou da sociedade dividida para arrebanhar o eleitorado que estava órfão, acirrando o conflito com o outro extremo.

Vencedor, Bolsonaro promete respeitar a Constituição, mas não parece estar em seus propósitos pacificar a sociedade. Ele adianta que será duro com as esquerdas. Estas deverão fazer-lhe a mais aguerrida oposição, já pressentida nos últimos dias, com a resistência tardia dos petistas.

Lamentavelmente, o Brasil não vai encontrar a paz. A polarização continuará a maltratar a nação. Bolsonaro levou, mas deveria considerar que a soma dos votos dados ao outro candidato mais os votos em branco e nulos e as abstenções são muito superiores aos que ele recebeu.

O presidente é de todos os brasileiros.