Águas sem barreiras

A imagem aérea da avenida Tereza Cristina inundada, tal como um rio revolto na qual é impossível distinguir o ribeirão Arrudas das pistas, é um retrato chocante da violência das chuvas dos últimos dias e da necessidade de soluções integradas na região metropolitana.

No domingo, em pouco mais de 40 minutos, despencou equivalente a 100 l de água por metro quadrado sobre o Arrudas, tirando de casa mais de 200 moradores de Contagem e provocando estragos na região limítrofe de Belo Horizonte. Na semana passada, um temporal semelhante já havia causado destruição nessas mesmas regiões.

Além do volume de chuvas desproporcional em um curto período, há a sobrecarga no córrego Ferrugem, um curso d’água de 2,7 km que flui para a Cidade Industrial. Segundo o secretário municipal de Obras de Contagem, os recursos estaduais necessários para essa bacia estão emperrados desde o governo Pimentel. Além disso, no período em que foi feita a canalização do ribeirão Arrudas, o encontro das águas teria passado a ocorrer de forma perpendicular, o que dificultaria o fluxo, principalmente nos períodos chuvosos, e propiciaria a ocorrência de inundações na região.

Os estragos, como as tempestades dos últimos dias mostraram, desconhecem divisas entre os municípios. Famílias de Contagem e de Belo Horizonte avaliam suas perdas, e administrações das duas cidades terão o desafio de recuperar vias e providenciar suporte aos moradores atingidos. Da mesma foram, é natural que a solução venha de um planejamento articulado, complementar e harmônico das duas cidades, em parceria com o governo estadual, para garantir segurança e paz aos moradores e transformar as inundações do Arrudas em apenas uma imagem do passado.