É comum ouvir, de estudantes, a pergunta: “Para quê vou precisar de matemática na vida?”. Eles mesmos já respondem que, quando houver necessidade, usarão a calculadora. O que não entendem é que não adianta possuir o aparelho se não souberem qual operação deve ser feita. A julgar pelos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), divulgados ontem, teremos uma geração de adultos que não saberão o que fazer diante dos números, dos livros e do conhecimento de mundo.
O estudo sobre educação revelou que o Brasil tem baixa proficiência em leitura, matemática e ciências, se comparado a outros 78 países. É grave: 68,1% dos brasileiros com 15 anos não dominam o nível básico de matemática.
São jovens incapazes de compreender textos e de resolver cálculos e questões científicas simples. Essas atividades são fundamentais para a vida social e econômica. Abrangem desde a habilidade de calcular o troco na padaria até a compreensão da política econômica proposta por um candidato ao Poder Executivo. Ou seja, sem essa formação, fica difícil haver o pleno exercício da cidadania.
Para piorar, desde 2009 o Brasil está estagnado no Pisa, mesmo em uma época quando era possível investir mais na educação. Agora, que cortes profundos se fazem necessários, um horizonte melhor está ainda mais distante.
Não adianta, porém, chorar o leite derramado e apenas apontar os erros do passado. O que o Brasil precisa é quase um milagre: traçar estratégias financeiramente viáveis para incrementar a educação num plano mais amplo, com currículo adequado e ferramentas eficazes, e trabalhar o microuniverso das salas de aula para que fatores como bullying, sono, fome e falta de disciplina não se somem às dificuldades enfrentadas por quem se esforça para ensinar e quem tenta aprender.