Aumento do emprego e queda da renda

Pela primeira vez em seis anos, o índice de desemprego no Brasil fica abaixo dos dois dígitos. O resultado da Pnad Contínua do trimestre terminado em maio mostrou que o número de pessoas sem trabalho caiu para 10,6 milhões (9,8% da população economicamente ativa). No mesmo período em 2021, havia 15,2 milhões de desempregados no país.

As boas estatísticas reveladas pelo estudo do IBGE refletem um reaquecimento da economia, principalmente em serviços e atividades públicas, como saúde e educação. Para os pesquisadores, isso é resultado direto dos bons resultados da vacinação contra a Covid-19, que possibilitou maior segurança nas atividades com maior contato humano e fluxo de pessoas.

Essa confiança se reflete em outro número divulgado ontem, mas pelo Banco Central, sobre a atividade da economia, que cresceu 1,1% em relação ao trimestre anterior. Novamente, com destaque para os serviços e para o comércio ampliado.

Desde 2016, o índice de profissionais subutilizados (desempregados, desalentados ou que trabalham menos tempo do que gostariam) não é tão baixo. Praticamente, apenas um em cada cinco brasileiros está nesta condição. É uma boa oportunidade para criar bases para um crescimento sustentado e contínuo para a economia.

Mas ainda existem barreiras no caminho. A inflação continua sua marcha para cima, onerando os bolsos dos consumidores e os investimentos das empresas. O rendimento médio do trabalhador é 7,2% menor do que o do ano passado – muito em função do alto número da informalidade –, e os juros estratosféricos não dão sinal de arrefecimento no curto prazo. Se esses fatores não forem igualmente enfrentados, o país corre sério risco de desperdiçar a atual oportunidade.