Aumento dos combustíveis põe brasileiro sob pressão

O anúncio de aumento de 14,26% no preço do diesel e de 5,18% no da gasolina nas refinarias fecha uma semana de más notícias para o consumidor brasileiro. O reajuste da Petrobras voltará a pressionar a inflação num momento em que a renda não tem dado conta das despesas regulares e o custo dos empréstimos sobe a reboque de uma taxa básica de juros que atingiu o seu maior patamar em seis anos.

Apesar de o IPCA ter apresentado em maio sua terceira queda mensal seguida, a inflação anualizada já completa nove meses na casa dos dois dígitos (11,73). Em 12 meses, a gasolina aumentou 28,73% no indicador do IBGE, enquanto o diesel avançou 52,27%. Como o diesel representa um terço do custo operacional do transporte de cargas, o aumento do combustível vai se espalhar para outros produtos, como os alimentos.

E como dar conta desse novo impacto, quando 66,13 milhões de brasileiros não conseguem mais pagar todas as suas dívidas? De acordo com o Serasa, são 2 bilhões a mais de inadimplentes desde o início do ano e R$ 271,6 bilhões em dívidas, e isso é mais do que todo o PIB de Minas no primeiro trimestre deste ano (R$ 207,9 bilhões).

Para piorar o cenário, essas dívidas se multiplicam sob juros inclementes. No cartão de crédito, eles chegaram a 371% ao ano, de acordo com levantamento da Anefac. No caso das financeiras, que aceitam emprestar dinheiro a pessoas com risco de crédito maior, a dívida mais que dobra (115,77%) após um ano.

A situação ultrapassou o limite do suportável pela população, e o aumento do combustível apenas completa o cenário de tempestade perfeita para um consumidor sobrecarregado e cujo resultado será o empobrecimento galopante das famílias e, por consequência, de todo o país.