Editorial

Auxílio e economia

Benefício emergencial e incentivo ao crescimento


Publicado em 02 de setembro de 2020 | 03:00
 
 
 
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Os cinco meses de isolamento social e crise da pandemia tiraram da economia brasileira o equivalente a R$ 34 bilhões. Esse valor traduz em moeda corrente o que significa achatamento de 15,4% nos salários dos trabalhadores entre fevereiro e junho. Somem-se a esse cenário pelo menos 12,6 milhões de desempregados no início de agosto. Sem dinheiro circulante, o consumo perde capacidade de dinamizar o ciclo da produção, e a sociedade se torna cada vez mais dependente de medidas de socorro estatal como o auxílio emergencial.

Criada para durar apenas até junho, a medida injeta cerca de R$ 50 bilhões na economia, e, de cada R$ 5 pagos, R$ 1 vai direto para o setor financeiro, na forma de quitação de dívidas, segundo levantamento da XP/Ipesp.

Deve-se destacar o fato de que preservar o crédito é um avanço cultural para o consumidor brasileiro, mas há uma questão que não se pode negligenciar: o percentual de famílias endividadas no país (67,4%) é o maior dos últimos dez anos – e uma em cada dez delas já não tem condições de quitar seus débitos.

Por outro lado, o benefício tem sido a base da recuperação das vendas do varejo em julho, que, ainda assim, são 20% menores do que as praticadas em igual período do ano passado, de acordo com dados da Cielo.

Os números mostram o quanto é importante a renovação do auxílio emergencial, mas demonstram ainda mais claramente que o país não pode depender indefinidamente dele. A solução está em incentivar que o setor produtivo reassuma o papel de protagonista do crescimento do país. Para isso, é preciso que o crédito flua, sem barreira burocráticas e a custos razoáveis, para o caixa das empresas e se transforme em investimento – este, sim, um benefício permanente.

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