Editorial

Carestia à mesa

Impactos da disparada de preços dos alimentos


Publicado em 10 de setembro de 2020 | 03:00
 
 
 
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Sacos de arroz por mais de R$ 40 podem até render bons memes na internet, mas disparada de preços não tem a menor graça com quase 13 milhões de desempregados e com o corte pela metade do valor do auxílio emergencial – do qual dependem dezenas de milhões de autônomos e trabalhadores informais.

A valorização anual de mais de 36% do dólar aumentou os custos da produção agrícola e tornou mais atraente exportar os alimentos do que abastecer o mercado interno. Assim, os consumidores têm que lidar com óleo de soja até 30% mais caro, altas de 20% no arroz e de pelo menos 10% no pão e na carne. Em agosto, o custo de comer em casa subiu 6,10% nos cálculos do IBGE, quase três vezes mais que a inflação oficial do IPCA.

A garantia do Planalto de que não haverá tabelamento de preços e  zerar as  alíquotas de Imposto de Importação de produtos agrícolas para aumentar a concorrência são atitudes positivas para a economia, assim como o chamamento ao diálogo com o empresariado.

Apesar da promessa de queda do preço do botijão com a aprovação do novo marco do gás, esse alívio depende de uma inserção da iniciativa privada no setor de distribuição que ainda levará meses para começar. Afirmações como essa refletem uma abordagem tecnicista e amparada em projeções de índices de inflação geral muito abaixo da meta. Contudo, o momento pede que se trate a questão do custo de vida com maior pragmatismo e humanidade.

Famílias não se alimentam de IPCAs ou IGP-DIs, mas do arroz e do feijão cada vez mais caros e para os quais há pouco dinheiro circulante. E, nem é necessário calculadora para técnicos e comerciantes descobrirem que essa conta não fecha e pode lançar todo o país no vermelho.

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