Para amenizar os impactos devastadores da pandemia no mercado de trabalho no Brasil, o Banco Mundial sugere que o governo amplie as políticas não só de assistência social, mas também de qualificação dos trabalhadores. Em relatório divulgado ontem, a entidade prevê que os efeitos da Covid-19 vão repercutir nos próximos nove anos, maculando principalmente os empregados informais e sem ensino superior. Basicamente, o estudo mostra que vamos pagar uma conta amarga pelo histórico descaso com a educação de qualidade no país.
A baixa qualificação da mão de obra evidenciada pela pandemia não é novidade. Segundo estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), a produtividade do trabalhador brasileiro avançou apenas 0,4% entre 1981 e 2018. E não existe mágica: a única forma de elevar esse índice é aumentando a capacitação dos empregados.
A gravidade da situação parece não ter sensibilizado a classe política nem mesmo na pandemia. O Congresso segue postergando medidas urgentes que poderiam suavizar os danos no emprego e na renda da população. Nesta semana, o programa que prevê a concessão de benefício de qualificação profissional de R$ 550 a jovens de baixa renda e trabalhadores informais até chegou a entrar na pauta da Câmara. Mas não houve acordo, e a votação foi adiada. Outra medida, o Priore (Programa Primeira Oportunidade e Reinserção no Emprego), também não tem data para ser votado.
O governo precisa concentrar esforços na inserção no mercado de trabalho das 14,8 milhões de pessoas desempregadas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São jovens, mães e pais de família que correm o risco de nunca mais terem recuperada a oportunidade de atingir a mobilidade social.