O belo-horizontino que tem a bicicleta como meio de transporte enfrenta obstáculos que tornam seu caminho lento e perigoso. O ciclista Vitor Marques, 34, morto anteontem no bairro Santa Amélia, região da Pampulha, foi atingido por um ônibus enquanto disputava espaço no caótico trânsito da capital, hostil às alternativas sustentáveis de mobilidade.
Se ruas e avenidas são sinônimo de risco, as poucas pistas exclusivas para as bikes também não são muito acolhedoras. Prova disso é o trecho da avenida Tereza Cristina entre os bairros Coração Eucarístico e Prado, na região Oeste.
Apenas 2% dos ciclistas que trafegam por lá usam a ciclovia, e os outros 98% preferem passar pela avenida em meio ao trânsito pesado de automóveis. O levantamento foi publicado pelo Observatório da Bicicleta, com base em dados do aplicativo Strava.
O estudo aponta que o espaço exclusivo para as bicicletas é “mais longo, sem interligação, com maior aclive, mais demorado, desprovido de sombreamento e de infraestrutura adequada”. Tudo que desestimula quem pedala.
Essa é uma pequena amostra da escassez e da precariedade das ciclovias na cidade. Desde a inauguração da primeira via específica na Pampulha, em 2003, Belo Horizonte concluiu apenas 105 km de ciclovias dos 400 km considerados necessários pelo Plano de Ações de Mobilidade por Bicicletas (Planbici), divulgado em 2017 pelo Executivo municipal.
A prefeitura de BH planeja implementar mais 74 km de ciclovias até 2024. Os investimentos nesse modelo sustentável de transporte ainda são tímidos nas capitais brasileiras. Cabe ao município financiar os projetos sem deixar de ouvir a população em geral e os ciclistas, que serão os principais impactados.