Filas nos postos, longas esperas e gasolina e álcool se esgotando rapidamente. Não era difícil imaginar esse cenário tão logo foi confirmada a greve dos transportadores de combustíveis. Os tanqueiros reivindicam uma redução da alíquota do ICMS sobre o diesel de 15% para 12%, uma vez que os sucessivos reajustes do preço dos combustíveis nas refinarias desde o início do ano corroem o meio de sustento da categoria e pressionam a inflação para todo o país.

Contudo, as leis da economia são implacáveis, e, com a corrida desenfreada aos postos por motoristas que igualmente dependem do produto para se locomover, trabalhar e garantir o sustento, houve quem tenha se aproveitado e aumentado o preço dos combustíveis. Na Via Expressa, onde ainda se encontrava o litro da gasolina a R$ 5,19 na quinta-feira, o preço passava de R$ 5,25 ontem, e, fatalmente, essa alta se refletirá nos preços de outras mercadorias – movimento diametralmente oposto ao que motivou a paralisação.

Na década de 60, o ecologista Garrett Hardin deu um nome para essa situação de quando os indivíduos, agindo racionalmente de acordo com seus próprios interesses, contrariam o que é melhor para a comunidade e atingem um resultado pior para todos: “a tragédia dos comuns”.

Felizmente, essa tragédia não é inevitável, como comprovou Elinor Ostrom, Nobel de Economia em 2009. A receita é definir claramente o problema, coordenar os esforços de todos na gestão dos recursos e na busca da solução do problema.

Essa lição deve ser aplicada à atual questão do custo dos combustíveis em um apelo ao diálogo dos envolvidos – que vão além de apenas os tanqueiros e o governo do Estado – e à construção de soluções negociadas. Só assim será possível evitar que a “tragédia dos comuns” ressuscite outra tragédia: a da inflação.