Faltam casas para mais de 7 milhões de brasileiros, um déficit que não para de crescer e que já rompeu o teto da série histórica. Segundo cálculos da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias, para atender essa demanda, seria necessário construir 1,2 milhão de novas unidades a cada ano ao longo da próxima década.
Contudo, apesar da aprovação das reformas trabalhista e da Previdência e do início da tramitação de um novo sistema tributário, não há otimismo no setor, como comprova recente levantamento da Fiemg, divulgado na última semana.
Numa escala de 0 a 100, o nível de atividade da construção mineira está em 48,1, ainda abaixo do limiar de 50 pontos, que separa a retração econômica da retomada. Pode parecer paradoxal, diante do imenso déficit habitacional, mas o maior motivo é a demanda interna insuficiente, citado por 44,4% dos empresários.
A baixa procura está menos relacionada à necessidade de moradia do que à queda da renda e à disponibilidade de crédito para os brasileiros comprarem imóveis. Também pesam os altos custos de acesso ao financiamento e a interminável burocracia despendida nesse processo.
No acumulado de 12 meses, entre julho de 2018 e junho passado, os empréstimos com recursos da poupança atingiram R$ 65,8 bilhões, um crescimento de 37% em relação ao período 2017/2018, mas ainda muito distante dos R$ 104 bilhões contratados há cinco anos.
A redução de juros anunciada pela Caixa, com correção pelo IPCA, faz parte do esforço de retomada de um setor que movimenta quase um décimo do PIB. Mas ainda é necessário que as condições de crédito abranjam os estratos de renda mais baixa e que não se descuide do combate à inflação para que o sonho da casa própria não vire o pesadelo de todos.