Desenvolvedores digitais alertam que o desenvolvimento tecnológico pode ser um perigo para a política. Em uma pesquisa realizada pelo Pew Research Center e pela Elon University com 979 profissionais de inovação, 49% afirmaram que, nos padrões atuais, a tecnologia enfraquece a democracia, e somente um terço deles disse acreditar que a relação possa ser positiva.
A atenção se volta especialmente para as “deepfakes” – que utilizam recursos de inteligência artificial e edição de efeitos visuais para simular presença, ação ou fala de pessoas em vídeos extremamente realísticos – e as “cheapfakes” – suas versões mais toscas e improvisadas.
Mas não são somente essas as manipulações possíveis. Os inovadores digitais ressaltam também a exploração da apatia e do desconhecimento dos usuários sobre as novas tecnologias. Assim, essas pessoas se tornam vulneráveis à distorção intencional de fatos na rede e ao monitoramento dos rastros digitais que deixam ao navegar na internet – como dados pessoais, interesses e hábitos de consumo –, usados por grandes empresas e governos em benefício próprio.
O mau uso da tecnologia digital para deformar fatos e construir versões acaba por minar a confiança da sociedade nas instituições. Em outro estudo do Pew Research, feito em 34 países, apenas 44% dos cidadãos disseram estar satisfeitos com a democracia (e o índice vem caindo um ponto percentual por ano). No Brasil, a confiança cresceu 27 pontos percentuais, mas ainda há 56% de insatisfeitos.
A boa notícia dos inovadores digitais é que a solução também está na tecnologia, a partir da melhor capacitação dos usuários, da multiplicação dos esforços de transformação e do uso da internet e das redes por governos e sociedade para informar e defender as instituições democráticas.