Desafio do retorno

O avanço da flexibilização do isolamento e a abertura de lojas e serviços geram esperança de superação das perdas de mais de dois meses de portas fechadas. Somente na capital mineira, 825 mil comerciários já estão trabalhando presencialmente. Mas o retorno é só o primeiro desafio para a recuperação da economia.

Com o pico da epidemia ainda distante em Minas Gerais, o consumidor continua a ter medo, e isso se reflete em menos vendas do que o necessário para superar as perdas de faturamento, que passaram de R$ 10 bilhões no Estado.

No primeiro trimestre deste ano, o consumo das famílias medido pelo IBGE teve sua primeira queda em quatro anos e o pior resultado em quase 20 anos, sendo um dos responsáveis pela queda de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB) nacional. E as perspectivas não são otimistas para o futuro próximo.

Em levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 50,9% das famílias disseram que vão consumir menos nos próximos meses. Há um grande componente da incerteza sobre emprego e renda nessa decisão, mas não é o único. De mil entrevistados em pesquisa da Associação de Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), 53,8% afirmaram que querem voltar à rotina, mas estarão mais atentos a questões de higiene e sanitização dos ambientes.

A palavra-chave é confiança. Para isso, comerciantes e prestadores de serviços precisarão não apenas implementar ações consistentes de distanciamento e limpeza nos pontos de venda, mas, sobretudo, fazer com que essas medidas sejam fácil e claramente observáveis e seguidas por seus clientes e colaboradores. Apenas dessa forma, economia e saúde andarão juntas no mesmo sentido, como deve ser.