Em meio à pandemia, um novo desafio já se avizinha para a sociedade brasileira: a realização de eleições representativas e seguras em mais de 5.500 municípios brasileiros sem agravar o contágio pelo coronavírus. Em dez dias, o ministro do Supremo Luis Roberto Barroso assumirá o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e caberá a ele solucionar esse dilema.
São mais de 147 milhões de eleitores. Em Minas Gerais, são 15,7 milhões de pessoas que deverão comparecer a escolas, bancos, salões e outras instalações fechadas no fim do ano para escolher os novos prefeitos e vereadores de mais de 800 municípios.
Há mais de um mês, um grupo de trabalho com a atual presidente do TSE, Rosa Weber, avalia as condições para a execução do pleito. Uma das propostas, em estudo por Barroso, é a de uma inédita votação ao longo de quatro dias, em dois sábados e dois domingos. Com isso, o fluxo de eleitores nos locais de votação seria distribuído para prevenir as tradicionais filas.
Outra iniciativa pesquisada é a de horários especiais para aqueles que fazem parte do grupo de risco (idosos, pessoas com doenças respiratórias ou cardíacas).
Trabalha contra esse esforço a estagnação do processo licitatório para substituir as urnas eletrônicas usadas em 2006 e 2008, modelos já obsoletos. Isso representa 93 mil equipamentos a menos disponíveis, um volume maior de eleitores por urna e, consequentemente, um maior potencial de aglomeração e contágio.
Sem qualquer exagero, solucionar esses desafios é uma questão de vida ou morte enquanto não houver uma vacina ou remédio contra o coronavírus. Porém, esses problemas precisam ser enfrentados com consciência para que entre as vítimas da pandemia não esteja a democracia.