Desertos de notícias

Seis em cada dez cidades brasileiras não têm sequer um jornal, uma rádio ou uma emissora de TV local. Mais que uma estatística mercadológica, a constatação do Atlas da Notícia 2019 é um alerta sobre a capacidade de levar informações relevantes e confiáveis para os cidadãos acerca da realidade de seu município e, não menos importante, de fiscalizar a atuação dos agentes públicos.

Se se levar em conta as localidades que possuem no máximo dois veículos de comunicação, 64,8 milhões de pessoas vivem no que os pesquisadores chamam de “desertos ou semidesertos de notícias”, segundo o estudo, realizado pelo Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor) em parceria com Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação (Intercom) e 22 instituições de ensino.

Além disso, 65% dos 11.833 jornais, revistas, rádios e TVs brasileiros estão localizados nas regiões Sudeste e Sul, o que acirra o quadro de limitação do acesso a informação apurada e checada de acordo com critérios jornalísticos, por profissionais e empresas capazes de serem responsabilizados pelos conteúdos que divulgam. Diferentemente das redes sociais, nas quais 47% dos jovens brasileiros procuram hoje dados sobre a política.

Com a proximidade das eleições para prefeito e vereador em 5.570 municípios brasileiros no próximo ano, notícias corretas e confiáveis sobre a realidade local são recursos essenciais para o exercício democrático e para a escolha dos melhores representantes para o enfrentamento efetivo dos problemas que afligem a população e um antídoto poderoso contra a manipulação ideológica do eleitor.