Diesel impede boa notícia da safra ao consumidor

Uma boa notícia para a economia vem do campo. A previsão de safra recorde de 261,5 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas, anunciada ontem pelo IBGE, representa um crescimento de 3,3% na produção em relação ao ano passado e de 4,9% na área plantada. A agricultura já havia mostrado sua força nos anos críticos da pandemia, impedindo queda ainda maior da economia.

Somente no ano passado, os produtos agropecuários representaram uma receita de US$ 120,6 bilhões em exportações, volume 19,7% maior do que a do ano passado. Com isso, a agricultura aumentou sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 27,4%, a maior em 18 anos.

Infelizmente, mesmo diante de um cenário tão favorável, o custo do alimento tem pesado no bolso do consumidor. Em 12 meses, o preço da cenoura subiu 178%, e o do tomate, 103%, de acordo com o IPCA divulgado nesta semana pelo IBGE. Em apenas um mês, a batata-inglesa subiu 18,28%, para uma inflação já excepcionalmente alta de 1,06%.

Como explicar preços tão altos com tamanha fartura de produção? Um dos principais fatores é o custo do óleo diesel, que acumula uma alta de 53,58% em 12 meses no cálculo do IPCA (19% somente neste ano), agravando o efeito sazonal das chuvas, que tradicionalmente reduzem a oferta de alguns vegetais no início do ano.

O combustível responde por até 40% do custo do transporte, e, quanto menor o preço individual do produto, maior o impacto sobre o valor final para o consumidor. E, com o recente aumento do diesel aprovado pela Petrobras, a perspectiva é que a pressão sobre a inflação dos alimentos fique ainda maior – uma péssima notícia vinda das bombas de combustível.