A queda de 5,2% no número de estudantes em instituições de ensino superior deveria acender um alerta nas mesas dos planejadores públicos pelo risco que representa para o desenvolvimento do país. Incluindo cursos de graduação e pós-graduação, são 888,4 mil estudantes.
Se levados em conta apenas os beneficiados pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), a queda chega a 43,1% no primeiro trimestre do ano. Desde 2014, a retração passa dos 75%.
O programa, criado em 1998 para contribuir com o acesso de jovens de baixa renda às universidades, vem em queda livre devido ao descontrole administrativo e de gastos. Existem hoje mais de 425 mil contratos inadimplentes, que geram um rombo de R$ 2,2 bilhões. Contudo, este não deveria ser um obstáculo intransponível. Além dos programas de renegociação em curso até o próximo mês de outubro, o governo federal dispõe de um saldo de R$ 11 bilhões não gastos do Fundo Garantidor, criado exatamente para se proteger desse risco.
Investir em educação superior não é um luxo. Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o conhecido clube dos países ricos, apontam que uma pessoa com diploma universitário tem, em média, 81% mais chances de estar empregada, contra 60% dos não graduados. Um argumento poderoso em seu favor em um país com 12,8 milhões de desempregados ainda.
Outro ponto é o efeito positivo do alto índice de profissionais qualificados para a renda nacional. Em média, os países da OCDE têm 44,5% da população com nível superior. A Coreia do Sul, líder, tem 69,8% de graduados. O resultado é que o Produto Interno Bruto por hora trabalhada naquele país chega a US$ 117,3. Já o Brasil, que mal chega a ter 17% da população diplomada, o PIB por hora trabalhada é de US$ 16,75, segundo dados da Fecomércio-SP divulgados em março.
Neste momento, em que tecnologia e economia são grandes desafios, descuidar dos cérebros é garantia de que o corpo social vai pagar a conta