Pela segunda vez em três anos, uma barragem de rejeitos de minérios se rompeu em Minas Gerais, produzindo perdas em vidas humanas e danos no meio ambiente. Primeiro foi em Mariana; agora, em Brumadinho.
Antes, outras barragens já tinha se rompido no Estado, sem que nada fosse feito para prevenir novos desastres. Empresas, Estado e sociedade absorveram o baque, aceitando os ônus como o preço cobrado pelo progresso.
Além do fato de terem relação com uma mesma empresa mineradora, os dois desastres guardam similaridades. As barragens se romperam por alguma causa física que os especialistas não conseguem fixar com exatidão.
Simplesmente ruíram e pronto. No entanto, outras causas podem ser levantadas, como o processo de licenciamento das barragens, sua técnica de construção, a falta de fiscalização e o modelo de negócio das mineradoras.
Pairando sobre todas as causas estão os interesses internacionais, com a demanda por minério de ferro no mundo. É preciso atendê-lo a qualquer custo, de modo a produzir divisas e dividendos para os acionistas.
Repete-se o processo de espoliação de nossos recursos naturais que se desenvolveu no passado, com o ouro e os diamantes, que deixaram estupendas igrejas barrocas. Agora, o minério exportado só deixa grandes buracos.
Pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora apontam uma correlação entre o rompimento de barragens e as variações no preço internacional do minério de ferro, com a superexploração das jazidas.
A demanda, sobretudo da China, leva à exploração de jazidas de baixa qualidade, que produzem mais rejeitos. Por isso, as mineradoras têm de expandir as barragens, cujo licenciamento é mais simplificado.
Está instalada a bomba-relógio, que fez um pesquisador da mesma UFJF afirmar que “a questão não é discutir se vai romper outra barragem no futuro ou não. A questão é quando”.
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Economia do desastre
Repete-se o processo de espoliação de nossos recursos naturais que se desenvolveu no passado, com o ouro e os diamantes, que deixaram estupendas igrejas barrocas
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