Editorial

Economia no ar

Proibição de voos pelos EUA e crise do setor aéreo brasileiro


Publicado em 26 de maio de 2020 | 03:00
 
 
 
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A proibição da entrada nos Estados Unidos de voos saídos do Brasil não é apenas um amargo revés para a diplomacia nacional, trata-se de um duro golpe nos planos de recuperação da economia. As companhias aéreas brasileiras já contabilizavam uma queda de 93,1% na demanda em abril deste ano em relação ao mesmo mês de 2019, e o número de 399 mil passageiros transportados foi o pior resultado dos últimos 20 anos para o setor.

No início do mês, as três principais empresas aéreas avisaram ao Planalto que o valor sugerido pelo BNDES de R$ 2,4 bilhões de socorro não seria suficiente para cobrir as perdas. Individualmente, algumas empresas registraram prejuízo de mais de R$ 6 bilhões só no primeiro trimestre. O ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a declarar que a União poderia se tornar acionista das companhias, contrariando o credo liberal e desestatizante que sempre defendeu, para garantir o funcionamento desse segmento.

A medida do governo Trump, prevista para entrar em vigor no dia 28, aprofundará ainda mais a crise das empresas aéreas. No mais recente Anuário do Transporte Aéreo, compilado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os Estados Unidos perdem apenas para a Argentina como destino em número de voos anuais (26,5 mil em 2018) e é líder absoluto na quantidade de passageiros embarcados (5 milhões).

Temerosa do crescimento do número de casos da Covid-19 no Brasil e de olho na reação de seu público interno em ano eleitoral, a Casa Branca deu provas de que não há amizade que resista às razões de Estado. A conta será paga em reais pelas companhias e em empregos para os quase 2 milhões de trabalhadores que dependem do setor no país, segundo a Associação Brasileira de Empresa Aéreas.

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