Quando se pensa em macroeconomia e balanços comerciais, poucos imaginam que algo tão pequeno quanto um vírus possa fazer diferença. Mas a epidemia do coronavírus tem mostrado o quanto esse pensamento pode ser enganoso. A expansão explosiva da doença no início do ano fará o crescimento da China recuar de 6%, no último trimestre de 2019, para 4,5%, no primeiro trimestre de 2020, segundo projeções da consultoria Reuters.
As medidas para impedir a proliferação do coronavírus reduziram a movimentação de passageiros em 70% e a de cargas em 50%. Uma contração dessas no país que consome 13 milhões de barris por dia e é o maior importador de petróleo do mundo provoca reações em cadeia. De imediato, um corte de 435 mil barris diários no consumo mundial do combustível, a primeira queda de demanda em uma década, como informou a Agência Internacional de Energia (AIE).
Com fábricas como a Nissan e Hyundai paradas, inclusive fora do país, e o cancelamento de voos internacionais, a projeção é que o consumo de petróleo feche o mês 25% menor. E isso traz impactos para o Brasil.
A China é destino de 65% das exportações brasileiras de petróleo bruto, e a Petrobras alertou que os resultados do primeiro trimestre seguramente serão menores devido ao impacto do coronavírus. No ano passado, as vendas internacionais do produto renderam mais de US$ 2,7 bilhões em divisas.
Se os efeitos da epidemia se prolongarem, ela colocará em risco também os planos brasileiros de se tornar um dos cinco maiores exportadores de petróleo do mundo, frustrando uma projeção de receita para União, Estados e municípios de US$ 300 bilhões na arrecadação de royalties do combustível.