A mudança na metodologia do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), desde janeiro do ano passado, é vista com pessimismo por parte dos analistas econômicos. Eles entendem que há descolamento entre os dados e a realidade. Por sua vez, o governo federal garante que alteração não impede a comparação com períodos anteriores e que o saldo de carteiras assinadas é sólido.
Em meio à essa insegurança estatística, o cidadão que lê a notícia divulgada ontem sobre os 184 mil empregos formais gerados em março não tem a real noção se está perto de ser contratado ou, no caso dos já empregados, se corre risco de demissão.
Diante das incertezas que pairam sobre o Caged, outros dados podem contribuir para uma análise mais apurada da real situação do trabalhador brasileiro, como uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada ontem. O levantamento mostra que 46% dos entrevistados viram a renda diminuir ou desaparecer no período da pandemia de Covid-19.
Ao olhar para a mesa também é possível encontrar pistas da quantidade de dinheiro nas mãos do brasileiro. A insegurança alimentar leve subiu de 20,7%, em 2018, para 34,7%, em 2020, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).
O esforço de parlamentares e governantes deve ser investido em questões estruturais que vão ajudar na manutenção de empregos ameaçados pela segunda onda da pandemia. Ao mesmo tempo, vale discutir reformas capazes de aumentar a produtividade e estimular contratações. As mudanças técnicas em relatórios frios não impactam a realidade individual de cada brasileiro.