No mesmo dia em que o IBGE divulgou a extinção de 7,2 milhões de postos de trabalho em apenas três meses de pandemia, o Congresso tirou da pauta – mais uma vez – a discussão sobre a derrubada do veto presidencial à desoneração da folha de pagamentos por falta de acordo.

A substituição da alíquota da contribuição previdenciária atinge 17 setores essenciais à economia que, juntos, respondem por 6 milhões de empregos no Brasil. E, se o veto for mantido, a medida perderá o valor em dezembro deste ano, certamente agravando um quadro que já é dramático.

Hoje, 13,1 milhões de brasileiros estão procurando trabalho em um ambiente em que as empresas tentam recuperar forças após um longo e necessário período de isolamento. A reabertura do comércio trouxe esperança. O Índice de Confiança da Indústria (ICI), da Fundação Getulio Vargas, alcançou o maior nível desde janeiro de 2013, e o indicador da área de serviços – uma das mais atingidas pela pandemia – tem a quinta alta consecutiva, embora em desaceleração.

Mas esse movimento ainda não foi suficiente para se transformar em novos empregos. E levará tempo para voltar a ocupar as 2,8 milhões de vagas com carteira assinada, ou mesmo os 1,9 milhão de empregos por conta própria eliminados no país pela crise.

Na ponta do trabalho, além das dificuldades de sair à rua em busca de ocupação enquanto não há uma vacina contra o vírus, o desânimo campeia: quase 6 milhões estão desalentados, ou seja, desistiram de procurar trabalho, e 32,9 milhões estão subutilizados.

Urge a retomada do debate sobre a desoneração da folha salarial, e não apenas por um curto período emergencial, mas dentro de uma política de Estado que privilegie a simplificação, a rapidez dos negócios e a geração de emprego.