O período das festas é sempre de esperança, em especial para a economia. Para os lojistas, o Natal é a época de garantir os bons resultados do ano. Para o desempregado, é a oportunidade de obter uma vaga temporária e tentar transformá-la numa ocupação com carteira assinada. E, apesar de boas sinalizações, a expectativa de um futuro promissor não é igual para todos.

Após a concretização das vendas de última hora no 24 de dezembro, a Confederação Nacional do Comércio comemorou um crescimento de 5,2% nos negócios no Natal, o melhor resultado em sete anos. A movimentação de mais de R$ 36 milhões veio no rastro da expansão do consumo das famílias com a melhoria do crédito e a liberação de recursos extras do FGTS.

A entidade também fez uma projeção bastante otimista em relação ao trabalho, estimando que um em cada quatro dos 91,6 mil trabalhadores temporários será efetivado em 2020.

Mas, se para a entidade setorial o cenário é de otimismo, o mesmo não se dá para o brasileiro comum. Dos trabalhadores que recebem até dois salários mínimos, apenas 39% acreditam que a economia vai melhorar no curto prazo, segundo pesquisa Datafolha realizada neste fim de ano. No mesmo período de 2018, eram 65%. Quando a pergunta é se a situação pessoal de cada um vai melhorar, metade desse grupo acredita em avanços, contra 67% no ano passado.

Para o pobre, as promessas de ganhos com a reforma da Previdência são algo muito distante, a reforma trabalhista gera mais informalidade do que segurança, e a realidade do dia a dia traz a alta do preço da carne e de outros produtos básicos e o medo de uma inflação em disparada. Um alerta para os planejadores econômicos de que só esperança é pouco quando não há bem-estar e prosperidade para todos.