Editorial

Fogo criminoso

Serra da Canastra e incêndios florestais


Publicado em 21 de agosto de 2020 | 03:00
 
 
 
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No encontro da longa estiagem de inverno com a irresponsabilidade humana, o fogo consumiu largas faixas de uma das principais reservas do Cerrado e fonte de nascentes que compõem o rio São Francisco, a serra da Canastra.

Em cinco dias, mais de 21 mil hectares foram consumidos de uma reserva que guarda exemplares sempre-vivas, bromélias, orquídeas e pequizeiros – árvore símbolo do Cerrado –, bem como mais de 300 diferentes espécies de aves e 80 de mamíferos, incluindo o tamanduá-bandeira. Riquezas que a população em geral não podia ver desde março, com o fechamento do parque em função da pandemia, e que, agora, foram colocadas em perigo, por causa de um incêndio intencional, segundo os bombeiros.

Estimativas do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e da Associação Mineira da Indústria Florestal (Amif) apontam que nove entre dez incêndios do gênero são provocados pelo homem e que, desses, um em cada três é por vandalismo ou desejo de destruição. Nos últimos anos, a área queimada tem diminuído no Estado graças aos esforços de conscientização e monitoramento. No ano passado, a redução foi de 21%, de acordo com balanço divulgado pelo IEF e pelos bombeiros. Neste ano, a tendência de queda continua, mas a ocorrência de mais de 8.000 focos nas matas mineiras até o momento mostra que não se pode descuidar da prevenção um momento sequer.

Ao provocar queimadas, o criminoso não age somente contra o patrimônio ambiental. Ele se torna corresponsável pelo agravamento de doenças respiratórias, com a proliferação da fuligem e o agravamento da sensação provocada pela baixa umidade, causando uma sobrecarga no sistema de saúde pública, neste momento em que ele é mais necessário.

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