Ao fim do ano, cerca de 13 mil quilômetros quadrados da Amazônia serão desmatados, segundo estimativas apresentadas por funcionários do Ibama. Há quem argumente que essa área, equivalente a uma vez e meia a da região metropolitana de Belo Horizonte, seja pequena diante de uma imensidão verde de mais de 5,5 milhões quilômetros quadrados. Mas não é o que têm demonstrado os representantes dos principais setores da economia brasileira.
Neste mês de junho, empresários de 38 grandes grupos empresariais e presidentes dos três maiores bancos brasileiros explicitaram sua preocupação com a devastação da floresta. E a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, veio a público afirmar que não interessa nem aos produtores, nem ao governo o desmatamento da Amazônia. “Ninguém está aqui para descumprir a lei”, afirmou, assegurando que o agronegócio tem condições de crescer sem tocar na floresta.
Trata-se de uma reação legítima às pressões de fundos investidores internacionais – que, juntos, detêm um capital de mais de US$ 4,6 trilhões, superior ao PIB da Alemanha – por mais controle sobre os recursos amazônicos.
O mais significativo dessa movimentação não é só pressão sobre as autoridades, mas o fato de que ela vem acompanhada de propostas, ainda que incipientes, de transformação, como o estímulo à criação de cadeias produtivas sustentáveis e os investimentos em infraestrutura de transporte, energia, moradia e saneamento.
Trata-se de uma oportunidade ímpar de conciliar as agendas da defesa ambiental com a do desenvolvimento econômico e social. Respeitando sua história e sua natureza, a Amazônia pode se tornar não só um símbolo de riqueza em biodiversidade, mas também o de prosperidade e bem-estar de sua população.