A Polícia Federal desferiu um golpe certeiro no crime organizado com a operação Cravada, desencadeada na manhã de ontem. Com foco no núcleo financeiro do Primeiro Comando da Capital (PCC), a ação drena recursos e expertise da rede, que tem escritórios em pelo menos seis Estados, incluindo Minas Gerais – em Uberlândia –, e abastece uma das maiores facções em ação no país.
A investigação desvendou um sofisticado sistema de pagamentos, também chamados de “rifas”, que faziam R$ 1 milhão por mês migrar por mais de 400 contas bancárias de forma a evitar seu rastreamento. Os valores eram usados para a compra de armas, transporte e hospedagem de integrantes e familiares próximo a presídios.
No fim do ano passado, o sistema logístico e financeiro do PCC já havia sofrido uma derrota em Minas. Dez prisões em oito cidades enfraqueceram a capacidade de a Sintonia Progresso levantar recursos para a compra de celulares, armamentos e até para o pagamento de pensões para as famílias de membros presos. Sintonia é como as subdivisões especializadas da facção são chamadas.
Em março deste ano, foi a vez da operação Hefesto, que identificou 32 membros de sintonias, sendo 14 da Sintonia Geral do Estado, responsável pela tomada de decisões, transmissão de ordens do comando e julgamento de membros.
Não à toa, o Triângulo Mineiro é o ponto comum entre as três ações policiais. Uma investigação do Ministério Público iniciada em 2013 mostra que o PCC começou a ganhar força no Estado a partir da região, com o controle sobre os presos na Penitenciária Professor Aluízio Ignácio de Oliveira, em Uberaba. De lá, foi se expandindo para prisões no Alto Paranaíba, na região metropolitana e no Sul, diversificando sua atuação para as explosões de caixas eletrônicos. A estimativa é que, atualmente, a facção tenha mais de 2.000 membros em Minas.
Ao acertar a fonte de rendas e o sistema de gestão do PCC, a polícia demonstra que, contra o crime, a maior arma ainda é a inteligência.