É comum ouvir as crianças cantando “uni-duni-tê” enquanto escolhem um sabor de sorvete ou o próximo colega a entrar na brincadeira. Infelizmente, a mesma atitude tem sido adotada por adultos na hora da vacinação contra a Covid-19. A escolha de determinado fabricante das doses não faz sentido do ponto de visa científico e só atrasa o sério processo de imunização.
Para conter a prática chamada “sommelier de vacina”, várias prefeituras têm colocado no final da fila da campanha aqueles que selecionam os imunizantes, a exemplo de Juruaia, no Sul de Minas. Uma medida drástica, mas razoável, se considerarmos o contexto de escassez de doses em todo o território nacional.
Há raros casos em que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) restringe a aplicação de alguns imunizantes em certos grupos, mas todas as diretrizes são repassadas às prefeituras e às equipes dos centros de saúde. Assim, é possível afirmar que todas as vacinas em uso no Brasil são seguras e eficientes no combate ao coronavírus. Segundo pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entre 20 e 26 de junho, a mortalidade média foi de 1.700 vítimas por dia, o que corresponde a uma queda diária de 2,5%.
Apesar do leve recuo, o estudo destaca que a mortalidade ainda é considerada muito alta e “não permite afirmar que haja qualquer controle da pandemia no Brasil”. E a vacinação é fundamental para atingir esse controle.
Depois de todo o esforço científico em nível mundial para a produção e distribuição de vacinas em tempo recorde, é surreal que haja resistência na última etapa da imunização. Recusar seletivamente a marca da dose por pura desinformação e preconceito é atrasar não só a proteção individual, mas também a coletiva.