A grande concentração de belo-horizontinos em tradicionais pontos de lazer no fim de semana foi um sinal do quanto o isolamento já desgastou as pessoas, mas foi ainda mais um comportamento de risco. O ainda crescente número de casos do coronavírus mostra que o momento crítico de contágio não passou, e descuidar-se agora pode jogar por terra o esforço feito por todos para conter o avanço da pandemia.

A população é consciente da necessidade das medidas de prevenção. Em pesquisa recente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), 40% das pessoas disseram apoiar o isolamento enquanto o surto durar, e 30% declararam defender a manutenção das medidas por mais dez a 15 dias.

Este não é um problema exclusivo de BH ou do Brasil. Na China, onde o volume de infectados começa a ficar sob controle, locais turísticos como o parque natural de Huangshan, próximo à província onde a pandemia começou, receberam a lotação máxima de 20 mil turistas no último sábado, alertando as autoridades sanitárias.

Mas é preciso manter o esforço um pouco mais para preservar a capacidade da rede de saúde pública. Se a contaminação por coronavírus atingir 1% dos mineiros em 30 dias, um terço das unidades no interior do Estado ficarão sobrecarregadas, segundo alerta o Cedeplar/UFMG. Hoje mesmo, a situação de leitos de UTI já é crítica devido à concentração desses recursos: pacientes graves precisam viajar entre 80 km e 400 km para serem internados.

Sair somente para o essencial e evitar agrupamentos pode ser um sacrifício individual agora, mas esses gestos farão uma grande diferença para a saúde pública, bem como para a de amigos e familiares num futuro que já se faz presente.