Editorial

Medida de prevenção

Síndrome nefroneural e mecanismos de vigilância


Publicado em 16 de janeiro de 2020 | 03:00
 
 
 
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A confirmação de mais mortes devido à síndrome nefroneural e quase duas dezenas de casos no Estado não deixam dúvidas sobre os riscos da intoxicação por dietilenoglicol na cerveja, como tem indicado a investigação policial. O pedido da Associação Brasileira de Cervejaria Artesanal para que a substância seja proibida em todo o território nacional e o apelo da Baker (responsável pela bebida onde foram encontrados vestígios do contaminante), apesar de necessários e urgentes, não atingem as falhas na prevenção.

O dietilenoglicol é utilizado na refrigeração do processo da fabricação de cerveja. Devido ao custo elevado, os produtores afirmam preferir usar propilenoglicol ou álcool. Contudo, os fabricantes de equipamentos costumam recomendar o dietilenoglicol devido ao seu menor potencial corrosivo às instalações metálicas. Confiam na separação física entre a substância e o conteúdo dos tonéis da bebida para que os efeitos tóxicos – náusea, vômitos, diarreia, problemas renais e neurológicos – não atinjam os consumidores.

Mas, quando não há um sistema de fiscalização efetiva das instalações, não há garantias para a saúde pública de que a contaminação não esteja ocorrendo. E as mortes mostram, pelo menos, insuficiência nos procedimentos oficiais adotados de vigilância e prevenção.

Segundo o sindicato dos servidores do Ministério da Agricultura, o déficit de pessoal chega a 2.500 profissionais em todo o país. Em 2018, a pasta solicitou a abertura de concurso para contratação de 555 funcionários. Em resposta, o Ministério da Economia autorizou em dezembro a chamada de cem aprovados no exame realizado em 2017.

As mortes recentes mostram que descuidar dos investimentos em vigilância alimentar e sanitária tem um custo que vai além do orçamentário.

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