Editorial

Medo do escuro

O aumento do risco de racionamento de energia elétrica no Brasil


Publicado em 01 de setembro de 2021 | 03:00
 
 
 
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A redução voluntária de consumo de energia proposta pelo governo e os sucessivos aumentos da tarifa podem não ser suficientes para aplacar os impactos da crise hídrica atual. Para afastar o fantasma de um apagão nacional, o ideal seria uma redução de 6% a 8% da carga até o início do período chuvoso, de acordo com a empresa de consultoria em energia Cibe Advisory. Essa meta só será atingida caso medidas de maior impacto, como o acionamento de mais termoelétricas, sejam adotadas na velocidade necessária.

O mercado, sempre sensível às incertezas, já sentiu o drama: ontem, o Itaú elevou de 5% para 10% o risco de racionamento no país devido ao prolongamento do período sem chuvas. Ainda de acordo com o banco, a bandeira tarifária anunciada ontem deve elevar a previsão de inflação de 6,9% para perto de 8% em 2021. E quem mais sente o “tarifaço” são as camadas mais pobres, que podem esperar pela continuidade do aumento dos preços não só da conta de luz.

O governo parece ter vetado o termo “racionamento”, mas o malabarismo linguístico por si só não consegue reverter a maior crise hídrica dos últimos 90 anos. Para eliminar os problemas de energia no ano que vem, será necessária uma afluência de 70% da média histórica nos reservatórios do país, de acordo com dados da PSR consultoria.

Apesar de o país ter diversificado e ampliado sua capacidade de energia nas últimas décadas, a demanda da população praticamente dobrou nos últimos 20 anos, e não houve aumento proporcional da capacidade dos reservatórios de água. Agora, nos vemos diante de ações urgentes e imediatistas, mas a questão da matriz energética brasileira merece ser tratada como uma das prioridades nos debates eleitorais do ano que vem. 

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