Editorial

Mortes por câncer vão dobrar até 2050

Diagnóstico tardio agrava situação da doença no país, que deve ter 554 mil óbitos

Por Editorial O TEMPO
Publicado em 05 de fevereiro de 2024 | 08:00
 
 
 
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O número de mortes por câncer no Brasil deve praticamente dobrar (98,6%) nos próximos 25 anos. A estimativa da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, pela sigla em inglês) estima 1,15 milhão de casos e 554 mil óbitos pela doença.

Um dos principais motivos para o crescimento da mortalidade é o problema de acesso ao tratamento médico. No Brasil, em 2013, com a Polícia Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, foi assegurado o cuidado integral inclusive em unidades de alta complexidade. No Sistema Único de Saúde (SUS), são 317 unidades e centros habilitados, com pelo menos um hospital habilitado em oncologia por Estado, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer.

No caso dos planos particulares de saúde, a Lei 9656/1998, que regulamenta o setor, estabelece a cobertura do tratamento – como exames e quimioterapia – das doenças listadas no CID médico, mas muitas operadoras questionam, orientando-se pelo rol estabelecido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Entre 2018 e 2022, os gastos com tratamento oncológico cresceram 400%, chegando a R$ 4 bilhões, algo em torno de 3% dos recursos públicos para a saúde no período. Esse crescimento se deveu aos custos elevados de novos tratamentos, o impacto da pandemia de Covid-19 e, um dos mais graves, o diagnóstico tardio.

Dos quase três milhões de atendimentos pelo SUS no período, 62% iniciaram o tratamento químio ou radioterápico em estágio avançado da doença ou até metastásico. O que, além de elevar os custos do atendimento, reduzem drasticamente as chances de cura.

O Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos avalia que a taxa de sobrevida fica abaixo de 5% quando o paciente inicia a terapia em estágio avançado. Índice sobe para 43,9% quando o diagnóstico e tratamento começam cinco anos antes.

Assegurar acesso a exames, prevenção e tratamento é um dever inegociável do Estado e das operadoras. Pois, para o paciente, iniciar a terapia tão logo receba o diagnóstico é, realmente, uma questão de vida ou morte.

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