O número de mortes por câncer no Brasil deve praticamente dobrar (98,6%) nos próximos 25 anos. A estimativa da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, pela sigla em inglês) estima 1,15 milhão de casos e 554 mil óbitos pela doença.
Um dos principais motivos para o crescimento da mortalidade é o problema de acesso ao tratamento médico. No Brasil, em 2013, com a Polícia Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, foi assegurado o cuidado integral inclusive em unidades de alta complexidade. No Sistema Único de Saúde (SUS), são 317 unidades e centros habilitados, com pelo menos um hospital habilitado em oncologia por Estado, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer.
No caso dos planos particulares de saúde, a Lei 9656/1998, que regulamenta o setor, estabelece a cobertura do tratamento – como exames e quimioterapia – das doenças listadas no CID médico, mas muitas operadoras questionam, orientando-se pelo rol estabelecido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Entre 2018 e 2022, os gastos com tratamento oncológico cresceram 400%, chegando a R$ 4 bilhões, algo em torno de 3% dos recursos públicos para a saúde no período. Esse crescimento se deveu aos custos elevados de novos tratamentos, o impacto da pandemia de Covid-19 e, um dos mais graves, o diagnóstico tardio.
Dos quase três milhões de atendimentos pelo SUS no período, 62% iniciaram o tratamento químio ou radioterápico em estágio avançado da doença ou até metastásico. O que, além de elevar os custos do atendimento, reduzem drasticamente as chances de cura.
O Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos avalia que a taxa de sobrevida fica abaixo de 5% quando o paciente inicia a terapia em estágio avançado. Índice sobe para 43,9% quando o diagnóstico e tratamento começam cinco anos antes.
Assegurar acesso a exames, prevenção e tratamento é um dever inegociável do Estado e das operadoras. Pois, para o paciente, iniciar a terapia tão logo receba o diagnóstico é, realmente, uma questão de vida ou morte.