Novo normal

Itália, Espanha e França, três dos países europeus mais afetados pela Covid-19, anunciaram, nos últimos dias, seus planos de retomada. Nos dois primeiros, as atividades de comércio e indústria começarão a voltar no dia 4, e no outro, no dia 11. No fim de semana, as fotos de crianças espanholas brincando nas ruas, liberadas do isolamento pela primeira vez, foram um alento.

Seria um engano mortal, porém, acreditar que tudo será como antes e que, em pouco tempo, estarão todos se abraçando e se esbarrando em salas ou shoppings lotados como se nada tivesse ocorrido. Infelizmente, o vírus continuará circulando e com capacidade de infectar aqueles que ainda não foram contaminados.

Um “novo normal” se impõe à rotina da retomada. Por um tempo que não se sabe ao certo quanto será, o distanciamento social será necessário e uma responsabilidade de cada um: governos, empresas e cidadãos comuns. Em Wuhan, após 76 dias de quarentena, lanchonetes e restaurantes abriram as portas, mas mesas vazias mostraram que o temor de contágio é maior que o anseio de consumo.

O uso de máscaras não pode ser abolido de uma hora para outra, assim como a preocupação permanente com higiene das mãos e dos objetos. O distanciamento entre assentos ou postos de trabalho e o controle de acesso aos locais para evitar aglomerações continuarão no rol de preocupações dos empresários. E as autoridades ainda terão que monitorar a necessidade de abrir ou apertar o isolamento enquanto não houver uma vacina eficiente e acessível a todos.

Na Suíça, laboratórios investiram US$ 100 milhões para ter uma vacina disponível para 18 milhões de pessoas em outubro. É uma excelente notícia, mas deve-se destacar que o universo beneficiado não chega a 0,3% da população mundial