Falta consenso sobre quanto custará colocar a economia no lugar quando a pandemia do coronavírus for controlada. As estimativas passam da ordem dos trilhões de dólares. Mas até o Fundo Monetário Internacional (FMI), um dos mais fortes defensores do livre mercado, reconhece que o setor público será um fator decisivo.
No dia 1º, um grupo de especialistas dos departamentos de pesquisa e de estratégia e política do Fundo comparou a resposta à Covid-19 ao esforço necessário em tempos de guerra e afirmou que as ações tomadas no combate ao vírus agora serão determinantes para garantir a retomada de sucesso das economias.
Os analistas dizem que, agora, é importante mitigar os impactos financeiros, mas é prioritário salvar vidas. Isso seria feito garantindo o funcionamento dos serviços essenciais – leia-se: saúde, infraestrutura e produção e distribuição de alimentos.
Além disso, o FMI defende que deve-se prover renda para que as pessoas possam permanecer em isolamento em segurança. E, para as entidades empresariais, preservar a organização com apoio na forma de subsídios, garantias e empréstimos com condições apropriadas.
Numa “situação de guerra”, esse protagonismo estatal se justificaria, mas os especialistas fazem um especial alerta de que tudo isso precisa ser executado de forma transparente e com regras claras para todos.
Preservadas vidas e a organização produtiva, a volta à normalidade – que levará tempo – depende de medidas fiscais que estimulem a demanda e impeçam a disparada da taxa de juros e da inflação. Somente assim, argumentam os técnicos do FMI, será possível construir as condições pós-pandemia para que o setor produtivo possa novamente gerar renda, empregos e bem-estar para toda a sociedade.