O acirramento das medidas de isolamento, com a adoção de Onda Roxa ou de fase vermelha, como anunciadas pelos governos de Minas e São Paulo ontem, é consequência previsível do agravamento da Covid-19. Contudo, também é resultado inevitável da falta de uma estratégia federativa de prevenção e combate ao coronavírus, erro que se arrasta junto com a pandemia.
A partir de hoje, 80 cidades das áreas de influência de Uberlândia e Patos de Minas terão de conviver com toque de recolher noturno, restrição de atividades e de circulação em locais públicos, proibição de aglomerações inclusive em espaços privados e obrigatoriedade do uso de máscaras – com possibilidade de multa aos infratores.
As razões imediatas são o crescimento da ocupação de UTIs, que passa de 80% em alguns pontos do Estado, a disparada do contágio (6.595 novos casos apenas ontem) e a mortalidade diária muito próxima do pico. Por trás delas está o relaxamento individual das medidas de precaução durante Natal, Ano-Novo e, mais recentemente, Carnaval.
Porém, igualmente, esse repique do vírus reflete a falta de uma estratégia conjunta de União, Estados e municípios – em alguns casos, até resistência – para implementar o modelo comprovado de testagem em massa, rastreamento de casos, uso massivo de máscaras, higienização e, mais recentemente, vacinação em larga escala.
O argumento de que essas medidas prejudicariam a economia não se sustenta. Mesmo sem seguir a recomendação sanitária, o PIB brasileiro encolheu 4,1% em 2020, e o consumo dificilmente voltará aos patamares anteriores.
Agora, os remédios que se impõem são mais amargos e apenas paliativos, até que se alcance a imunidade coletiva por uma vacina que ainda está longe de chegar a todos.