O “crash” do petróleo, que derrubou Bolsas e mercados por todo o mundo, traz riscos à recuperação econômica brasileira. A briga entre sauditas e russos implodiu o preço internacional do barril, e, nas primeiras horas da manhã de ontem, a desvalorização passava de 30%.

Em jogo, ficam as divisas com a exportação de óleo bruto pelo Brasil e, principalmente, os investimentos futuros na exploração do pré-sal. Somente nos primeiros 11 meses do ano passado, as vendas externas de petróleo cresceram 48%, rendendo mais de US$ 2,72 bilhões em divisas. Esse resultado muito se deveu à “sede” de energia pela economia chinesa, destino de 64% das exportações do produto. E a recente retração da economia asiática devida ao coronavírus já havia acendido o alerta no setor.

Além disso, um recente relatório da BB Investimentos apontou que os novos empreendimentos de exploração do pré-sal dependem de que o preço do barril do petróleo fique em torno de US$ 40 para atingir o ponto de equilíbrio – ou seja, que o investimento se pague. Mas corretoras trabalharam a maior parte do dia de ontem com contratos futuros bem abaixo desse valor.

Sem essa injeção de capital, dificilmente o Brasil atingirá a meta de se tornar um dos cinco maiores exportadores de petróleo até 2030 e, mais importante, alcançar a arrecadação de US$ 300 bilhões em royalties.

Em outubro do ano passado, uma decisão do Supremo garantiu o direito ao royalty também para Estados e municípios que não fazem a exploração do combustível. Sem ações consistentes para enfrentar a crise, seguramente esse dinheiro fará falta para sustentar os fundamentos da economia e, principalmente, para corrigir os efeitos danosos do rombo fiscal, que, somente no caso de Minas Gerais, passa de R$ 13 bilhões.