Porque é preciso investir em ciência

A retração do orçamento em ciência e tecnologia no Brasil negou quase R$ 100 bilhões em investimentos ao setor nos últimos sete anos. A constatação de pesquisa do Observatório da Ciência em parceria com a Frente Parlamentar Mista de Educação dá pistas valiosas para se compreender os problemas para sustentar o desenvolvimento do país.

No mais recente ranking de competitividade global da Insead, uma das mais prestigiosas escolas de negócios do planeta, o Brasil aparece em 75º lugar entre 139 países. Se levar em conta apenas a América Latina, apesar de ter o maior Produto Interno Bruto, é apenas o oitavo colocado, atrás de países de economia bem menos avolumada, como Trinidad e Tobago e Jamaica.

Pesaram para esse mal resultado a dificuldade em reter pesquisadores (o Brasil aparece em 69º lugar), a disponibilidade de cientistas e engenheiros (110º lugar) e a relevância do sistema educacional na economia (126° lugar).

Os dados não causam surpresa para quem observa com mais atenção os dados sobre pesquisa no Brasil. Desde 2020, mais de 3.000 pesquisadores deixaram o país atrás de melhores recursos para continuar seus estudos. As bolsas de doutorado, por exemplo, pagam cerca de R$ 2.200 – sequer atingem dois salários mínimos atuais.

Nos últimos anos, os orçamentos da Capes e do CNPq (principais órgãos de fomento à pesquisa), minguaram de R$ 12,8 bilhões para R$ 3,9 bilhões, somados.

Como resultado dessa miopia, o Brasil caiu de 30,3 mil patentes para 24,3 mil de 2014 para 2020, enquanto a China avançou de 928 mil patentes. Não à toa, esse país foi a quinta economia com maior crescimento no ano passado e a brasileira apenas a 20ª. E nem é preciso ser um cientista para entender o motivo.