Até a próxima semana, Minas Gerais vai experimentar recordes de frio. A previsão do Instituto Geoclima é de que as temperaturas mínimas possam ficar abaixo de 0°C no Sul do Estado, tornando ainda mais severas as condições que provocaram geadas nas regiões rurais, afetaram a produção agrícola e ameaçam pesar nas contas dos consumidores mineiros.
Um levantamento da Emater mostra que 156 mil hectares de plantações de café foram afetados pela última onda de frio. É uma área superior à de 760 municípios mineiros. E metade dos 9.500 produtores atingidos terá que recorrer a empréstimos bancários, com juros em alta, para quitar suas obrigações.
Essas perdas começam a se refletir no preço da saca de 60 kg de café que subiram de R$ 982 para R$ 1.077, uma alta de quase 10% em uma semana na região de Guaxupé. Mas não apenas o café está sendo afetado pelo frio. Outras produções, como hortaliças e verduras, que estavam contrabalançando a alta dos alimentos na inflação, foram atingidos.
Até a carne, cujos preços estão em alta há algum tempo, pode ser afetada, com a disparada do custo do milho – já caro e um dos principais componentes da alimentação dos rebanhos. Em uma semana, o preço da saca avançou 3%, passando de R$ 98,54 para R$ 101,60, segundo os indicadores da Esalq na Bolsa de Valores.
A expectativa dos analistas de mercado é que a prévia da inflação medida pelo IPCA-15 de agosto comece a refletir os efeitos do frio, elevando para quase 1% o índice do mês e, somado às pressões dos preços de energia elétrica e combustíveis, empurrando a alta do custo de vida do ano para até 7%. Isso fará o consumidor tremer mais e por um tempo maior do que a atual temporada de frio.