Preço do imposto

Ontem, por um dia, motoristas conseguiram comprar gasolina por R$ 3,22 o litro em Belo Horizonte – um desconto de mais de 46%. A receita para tal façanha é o corte de tributos realizado como parte do alerta, feito no Dia Livre de Impostos, sobre os efeitos da elevada carga tributária na competitividade dos negócios e no poder de consumo da população.

Pelo Índice de Liberdade Econômica da Fundação Heritage (EUA), o Brasil possui a 35ª maior relação entre impostos e Produto Interno Bruto, com 32,9% de toda a riqueza do país sendo formada por tributos, taxas e contribuições. Nessa questão economia brasileira fica muito atrás de vizinhos como Uruguai (28,5%), Bolívia (26%), Chile (21,1%) e Peru (16,9%).

Para dar conta dessa obrigação, desde 2012 o brasileiro trabalha mais de 150 dias por ano somente para ficar em dia com o Fisco antes de seu dinheiro começar a reverter em bem-estar para ele e sua família, segundo dados do Instituto Brasileiro de Política Tributária (IBPT). De um simples fubá que o consumidor põe em sua mesa, 25,28% são encargos fiscais – ou seja, um quarto do prato mais simples e acessível à população é imposto.

Além disso, a regra do sistema traz em si um alto nível de desigualdade. O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) constatou que os 10% mais pobres no país gastam até 30% do salário com impostos diretos, enquanto os 10% mais ricos despendem somente um décimo de seus rendimentos mensais.

Impostos são necessários para o funcionamento dos serviços públicos, mas um sistema confuso, burocrático e oneroso engessa os investimentos privados e limita o consumo das famílias. Pesar a mão no encargo e não corrigir essas distorções é condenar o país à injustiça e ao atraso.