Produção sustentada

O crescimento acima do habitual da atividade da indústria em setembro traz esperança de recuperação da economia. A produção cresceu, a ociosidade nas linhas de montagem recuou, e, consequentemente, as contratações avançaram. No caso, a evolução do número de empregados na sondagem divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) foi a maior da série histórica mensal iniciada em 2011, após ter atingido o ponto mais baixo em abril.

Trata-se de uma grande notícia para o trabalhador, que encerrou a semana passada com a sombra de um desemprego recorde e 3,4 milhões a mais de brasileiros procurando uma ocupação ainda escassa devido à persistente crise econômica, agravada pela pandemia de Covid-19.

Mas, para essa sinalização se tornar uma tendência, é preciso garantir as condições para que o setor produtivo possa continuar a investir. A CNI mostra que o acesso ao crédito financeiro melhorou no terceiro trimestre, mas ainda está muito abaixo dos índices anteriores à pandemia. Por exemplo, a carteira de crédito do BNDES, que atingiu R$ 393 bilhões em setembro, é 2,3% menor do que a registrada no mesmo mês do ano passado, e as concessões de crédito pela agência de fomento encolherem 7,3% em 12 meses.

Com baixa disponibilidade de recursos, as indústrias não têm margem de manobra para lidar com os altos custos dos insumos, que desapareceram no mercado interno e que têm custo em dólar – que já se sobrevalorizou 40% neste ano – junto aos fornecedores internacionais.

Garantir a normalização do fluxo de recursos do sistema financeiro para o produtivo permitirá que o Brasil possa caminhar para fora da recessão e, mais importante, se manter longe dela, gerando divisas, empregos e sustentabilidade para um setor essencial da economia brasileira.