Todos os meses, pelo menos um idoso é abandonado por parentes ou responsáveis em um hospital público de Belo Horizonte. O levantamento feito pelos repórteres Pedro Nascimento e Malú Damázio em reportagem publicada em O TEMPO ontem, dia 13, escancara uma situação de abuso contra pessoas no momento em que estão mais vulneráveis e necessitadas do amparo daqueles que lhe são mais próximos.
Amanhã, dia 15, é o Dia Mundial de Consciência da Violência contra a Pessoa Idosa – data reconhecida pela Organização das Nações Unidas em 2011 e que inspira o “Junho Violeta”, campanha destinada à visibilização dessa agressão, que é a segunda mais comum no país e que, por estigma e cultura, muitas vezes é menosprezada.
De acordo com a Ouvidoria de Direitos Humanos do governo federal, no ano passado, foram registradas, 80.666 denúncias de violência contra pessoas idosas, sendo 10.167 somente em Minas Gerais (o terceiro Estado com maior número de casos). Neste ano, até o dia 3 de junho, foram 35.017 (4.133 em Minas Gerais). Isso equivale a dez denúncias por hora em todo o território nacional.
Crime tem pena de até três anos de detenção e multa
As agressões vão de torturas físicas e psicológicas a exploração financeira. E a mais comum é a negligência, com bem explicitada pelos jornalistas de O TEMPO. É deixar de oferecer cuidados básicos de higiene, saúde, medicamentos, proteção e carinho. Um crime previsto no Estatuto do Idoso com pena de até três anos de detenção e multa.
O Brasil há muito deixou de ser um país jovem. Hoje, um em cada dez brasileiros tem mais de 80 anos, e, em menos de três décadas, teremos mais idosos que crianças na população. Ou seja, violentar e negligenciar a população mais velha não é só falta de humanidade, mas um atentado contra o próprio futuro.