Nos primeiros oito meses do ano, houve uma queda de 60% na entrada de capital estrangeiro na Bolsa e nos títulos lastreados em papéis do governo. Entre os motivos que pesaram nessa retração – que equivale a quase US$ 3 bilhões – está a morosidade no fechamento das reformas essenciais ao crescimento econômico. Na semana que passou, o adiamento da votação da nova Previdência em primeiro turno pelo Senado pouco ajudou a mudar esse quadro.

Somente em agosto, US$ 3,4 bilhões em dinheiro estrangeiro deixaram a Bolsa – um dos mecanismos básicos para a injeção financeira na iniciativa privada, enquanto os fundos de renda fixa perderam US$ 3,1 bilhões. Isso é uma demonstração do arrefecimento do otimismo dos investidores internacionais com a recuperação da economia, que caminha para fechar o ano com uma variação do PIB próximo a 1%.

E não se trata apenas do capital de curto prazo. No mês passado, o volume de divisas referentes a compra e venda de mercadorias e serviços e da transferência de rendas (as transações correntes) encolheu US$ 4,3 bilhões.

Com o crescimento do risco global devido à guerra comercial com a China e à tensão no maior centro fornecedor de petróleo do globo, o golfo Pérsico, é essencial para o Brasil mostrar que seu mercado financeiro é confiável. E isso só se consegue com a modernização dos sistemas previdenciário e tributário, reduzindo custos desnecessários e entraves burocráticos ao investimento.

Tal cenário mostra a urgência da superação das divergências entre setores do Legislativo e do Executivo em favor das reformas e de regras mais ágeis e racionais que permitam o retorno do capital estrangeiro, tão necessário para a retomada do crescimento econômico e da geração de empregos e renda no Brasil.