Quando se constata que um em cada dez homicídios é cometido por policiais, já se pode dizer que a segurança pública de um país enfrenta um grave problema. Mas esta não é a única constatação preocupante sobre o setor no 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na semana passada.

O número de mortes por autoridades cresceu 47% em dois anos, chegando a 6.220 no ano passado, principalmente em Estados como Rio de Janeiro e Pará. Entre as vítimas, seis em cada dez eram jovens com menos de 29 anos, e sete em cada dez eram negros. Esses dados indicam, tanto quanto violência, um problema de controle pelos governos. E, para pesquisadores, uma polícia descontrolada e agressiva, em vez de reduzir, reforça o comportamento violento, inclusive dos criminosos.

Mas o diagnóstico do problema da segurança pública não para por aí. De 343 policiais mortos, 256 estavam fora de serviço, muitos em bicos. Um indício de problemas na remuneração das patentes mais baixas das corporações e também da incapacidade do poder público de fornecer segurança exatamente a quem nela atua.

E o medo e o estresse decorrentes dessa situação também cobram seu preço. Ao longo do ano, 104 agentes cometeram suicídio (14 deles em Minas), um crescimento de mais de 40% em relação ao ano anterior.

Os recursos para a segurança vêm crescendo, tendo chegado a R$ 91,3 bilhões em 2018. O que se questiona é se esses recursos estão sendo empregados para promover a paz de cidadãos e dos policiais, com preparação adequada, seleção criteriosa e serviços de amparo físico e emocional. Enfim, que cada real entregue pelo contribuinte seja destinado a criar um verdadeiro ambiente de segurança pública para todos: cidadãos e policiais.