Renda em dia

Minas Gerais anunciou o fim do parcelamento dos salários dos servidores. Em 2016, a medida fora anunciada como emergencial para lidar com a crise do endividamento do Estado e o descontrole orçamentário. Chegou-se até a decretar calamidade financeira para dar conta de um déficit que passava de R$ 10 bilhões. Com isso, o arranjo provisório arrastou-se por cinco anos e meio, provocando incertezas no funcionalismo público, endividamento de famílias e greves.

Não foram raros os relatos de servidores inadimplentes em contas de água, luz, aluguel e outras dívidas à espera de um depósito salarial que a lei prevê ser efetuado até o quinto dia útil. Além disso, muitas vezes o cronograma do pagamento não se cumpria na data prevista, agravando a situação financeira de um grupo que soma em torno de 480 mil pessoas, entre funcionários ativos, inativos e pensionistas.

Ao anunciar a regularização dos pagamentos a partir de agosto, o governo mineiro explicou que dois fatores contribuíram para esse fato. Um deles foi o sucesso no leilão da folha salarial, arrematada por R$ 2,48 bilhões, 18% acima do lance mínimo e para recolhimento em parcela única ao Tesouro. Outro foi a economia de 48% nas despesas não obrigatórias.

O trabalho, contudo, não acaba com a regularização dos salários. Quase um ano e meio de pandemia afetou duramente a economia, tendo o PIB mineiro caído 3,9% em 2020 e ficado abaixo da média nacional no primeiro trimestre deste ano. A vacinação, que permite abertura segura dos negócios, avança, mas ainda está longe da imunidade de 70% da população. E, acima de tudo, é preciso persistir na atração de investimentos e no controle do gasto público – um erro que originou a sangria não apenas dos cofres do Estado como da renda dos mineiros comuns.